terça-feira, 6 de agosto de 2013

improv speech

Ontem, ao ler o final de uma das minhas sequelas preferidas, dois anos depois de ter lido o primeiro livro, o meu corpo teve uma reacção estranha. Senti para além do suposto. Como Álvaro de Campos, senti tudo de todas as maneiras. Felicidade, tristeza, angústia, nostalgia, resignação, medo, perdão, ilusão, revolta. Senti a revolta presente no livro. Senti mais que isso: senti a minha própria revolta. Senti como tudo pode mudar de um momento para o outro. Senti que as mortes dos meus amigos, apesar de não terem sido em vão, me mudaram para sempre. Penso que é a primeira vez que me sinto assim. Sem palavras. Não me consigo exprimir. Sinto-me aterrorizado por isso. E ao mesmo tempo, deslumbrado. Como na metáfora da caverna, onde os homens que saíram para a luz e viram a  realidade foram mortos por mudarem a realidade dos que lá estavam dentro, também as minhas células lutam umas contra as outras por diferentes realidades. A do livro contra a minha. E eu já não sei qual é a verdadeira.